terça-feira, 3 de novembro de 2009
Contínuas palavras desarranjadas palavras
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Chuva

Nos dias de chuva a melhor coisa a fazer é escolher um bom guarda-chuva. Ou um bom guardachuva dependendo da referência. Mas como nem os acentos, e nem os tracinhos fizeram muita diferença na minha vida, se eu dissesse ao vento " Você beija flor o dia inteiro" ou "Você, beija flor, o dia inteiro" ... o vento continuaria não entendendo nada. E eu? Eu já teria esquecido o intuito do dizer ha muito tempo. E então, pra que falar?
Tire a lama dos porcos e eles continuarão sendo chamados de porcos...
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Rosas ao vento...

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A beira da minha janela tinha um vaso de rosas vermelhas. Essas rosas exalavam um cheiro forte que incomodava as vezes ao sentir. Essas rosas eram aquela esperança que a gente tinha quando criança, de tentar ser sempre maior e maior do que a gente era. Mais alto, mais esperto, o maioral. So que conforme a gente cresce, uma a uma dessas rosas vai perdendo o exalar. E o odor que resta é cada vez mais fraco. Fraco de potência. Fraco de efeito. Fraco de ser menos forte.Não que isso seja ruim. Não que isso seja bom. O odor somente não é mais o mesmo. E torna a ser um pouco menos do menos que restava ali.
E hoje, por mais que poucos anos tenham passado. Sinto o cargo que a velhice faz sobre as minhas costas. Não tenho rugas. Não tenho aparento ter meia idade. Não tenho dores. Não fico falando frases como "No meu tempo era...", pois eu sei que ainda estou no meu tempo. E sinto que o presente dessa frase ainda quer crescer em mim. Mesmo que com menos intensidade do que antes. Menos efeito do que antes.
Mas mesmo assim ela cresce. Como aquela rosa na janela que quer respirar. Quer exalar um respingo de felicidade que ainda resta. Para perfumar as almas, nem que seja de um simples inseto que passou por ali.
Não sei se o meu amor é um amor de rosas vermelhas...
Mas é um amor de pétalas de rosas voando ao vento, junto comigo.
Écoute:
Clint Mansell - Death is the Road to Awe.
Pensée:
Acteur qui me fait penser à Roses...
terça-feira, 31 de março de 2009
NÃO PISE NA GRAMA
"Não pise na grama."
Amarela
pela ausência de girassóis.
Inútil
porque não tenho os pés no chão.
Fabio Rocha
sexta-feira, 27 de março de 2009
Varias caras....
"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia.
Sou um o quê? Um quase tudo".
(Clarice Lispector)
Mas qual seria a vantagem em ser quase tudo? Eu não sei se uma pessoa é capaz disso. Mas sei que nem o bombril pode ser assim. É restrito somente as mil e uma utilidades. Mas voltando ao lado filosófico da coisa. Sempre. Querer ser muita coisa ao invés de uma só talvez seja algo não muito bom na nossa vida. A nossa capacidade muitas vezes é restrita. Restrita a fazer coisas nas quais nos damos bem. Alguns se dão bem em estudar, outros em trabalhar, uns em calcular coisas, outros em biológicas, e ainda alguns são bons em coisa nenhuma. E estes ultimos nem assim deixam de ser bons em alguma coisa.
Me diga algo. Muitas vezes reclamamos que a nossa vida só dá errado. Pois sim. Estes são bons em ter coisas erradas na vida. São bons nisso e nisso são bons. Mas convenhamos, antes ser bom em não fazer nada.
O que as vezes acontece é a falta de algo no qual centrar. Esquecer de tentar ser bom em tudo. E ser bom em algo e mediano no resto. O que acha disso? É meio bom e meio ruim. Mas a qual lado pender cai na mesma história do copo meio cheio ou meio vazio... E o resultado dessa discussão todos já sabem. Ou não?
domingo, 15 de março de 2009
Livre arbítrio

Quando, em nossas atividades cotidianas, não nos sentimos solitários, isso indica que já perdemos completamente o contato com nós mesmos. Portanto, nessa situação, nossas vidas estão voltadas ao exterior, aos que nos circundam; dedicamos-lhes todo o nosso tempo. Vivemos em função de algo que, ao mesmo tempo, não somos nós nem os demais, na medida em que também eles não entram em contato conosco. Estamos imersos numa confusão de vozes que não se encontram.
Contentamo-nos com acreditar que todos são o que aparentam ser, inclusive nós; escolhemos acreditar no mundo exterior para negar a distância entre nós e o outro, e também entre eles e si próprios. Todavia, na tentativa de entrar encontrar o outro, apenas nos tornamos também distantes de nós mesmos. Como só podemos entrar em contato com a fachada social dos demais, consideramo-nos também uma fachada.
Nossas vidas resumem-se ao hiato entre abismos desconhecidos. Mesmo que sejamos nossa única verdadeira companhia, preferimos abandoná-la acreditando na linguagem. Deixamos de existir para conviver sozinhos, falando para ninguém, e com isso pensamos escapar da solidão; como dois telefones conversando entre si sem que haja pessoas por detrás. Essa é a figura que melhor ilustra a socialização humana. Resulta que vivemos do lado de fora de nós, onde não está ninguém, e achamos isso muito natural. A distância comum entre tudo nos acalma como se nos livrasse da responsabilidade de admitir que existimos. Vemos a nós próprios como uma espécie de questão filosófica abstrata e distante. Nós mesmos somos um assunto que não nos importa; o deixamos para os estudiosos.
Nossa preocupação está em viver no admirável mundo oco, na realidade que acontece por cima das pessoas, nas cidades, nos bares, nos jornais. Queremos existir às avessas, numa vida exterior comum, onde nosso interior é tão desconhecido que o chamamos de livre-arbítrio.
O Diabo e o redemoinho...
Kingdom hospital way of life

É por ai que a gente cresce: Surrando o próprio rosto com luvas de aço que nós mesmos acabamos de fabricar. E para não bastar, a nossa cara também é, e será surrada pelas luvas de outras pessoas também. As vezes a situação passa a ficar até comica. No nosso individual mais que coletivo, vivemos a vida num hospital. Em que nos machucamos e nos curamos, sucessivamente. Quase que como no "Kingdom Hospital" do Stephen King. Onde existe uma nítida e ao mesmo tempo quase que irreconhecível simbiose entre a loucura e a razão. Mas algo ainda me deixa a crer que estas duas ultimas, nunca estiveram numa posição contrária a de uma simbiose.
"Simbiose é uma relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes. Na relação simbiótica, os organismos agem activamente (elemento que distingue "simbiose" de "comensalismo") em conjunto para proveito mútuo, o que pode acarretar especializações funcionais de cada espécie envolvida."(wikipedia).
Falamos da dor de crescer. A vida num ato de lucidez e loucura. Mas em que ponto da vida a loucura entra na nossa vida? As vezes a gente, num ato de querer ser adulto, não acredita no mundo pela perspectiva de uma criança. E vê o mundo de uma forma que pensamos chamar de lúcido. Mas se o grande mundo é criado pelos adultos, é dificil encaixar outra forma de enxergar nesse mundo já pré-existente. Se ele fosse um munto infantil, talvez. Disso tudo a gente pode entender que não há como saber o que é loucura e o que não é. Assim como no "Alienista" de Machado de Assis, a relação do que é loucura e o que é lucidêz não está ao nosso alcance. A gente tende a seguir um padrão. E esse padrão que nos leva a algum lugar. Nos lega a crer que malucos são malucos e os normais são os normais.
Mas muitas vezes parece que temos tanto medo de perder a razão, que esquecemos de nos preocupar em manter a razão. Principalmente quando se fala de um coletivo. Temos medo do que os outros falam. E não adianta dizer que não. Todos nós vivemos e nos alimentamos a cerca dos restos que outros deixaram. Agimos como sombra, que durante o dia segue o padrão que o sol impõe. E de noite se confunde com o breu. Que aparece, criada por outro ser. E se esconde com medo de não ser. Nisso a gente se mascara e se disfarça tanto, que chega a perder o que realmente somos. E vivemos por acreditar em algo, ou ser acreditados por algo. E o jeito kingdom hospital de viver aparece, meio insano, meio são, meio simbiótico, e vão.
terça-feira, 3 de março de 2009
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Dreams come true...

Quando eu nasci não lembro o que eu sonhava. Mas creio que sonhava. Porque sem isso eu não estaria aqui.
Quando eu tinha 3 aninhos, meu sonho era ir para o pré-primário. Porque era lá que eu poderia mostrar o quão inteligente eu era. Tão inteligente que eu até sabia escrever o nome de toda a minha família e contar até 30.
Quando eu sai do pré-primário, o meu sonho era ir para o primário. Lá era o lugar que eu poderia descobrir o que era a histéria que eles tanto falavam, que não era as dos meus livrinhos. Eu achava estranho como poderiam haver tantas matérias. Mais do que uma. Como isso podia acontecer. Ficava pensando se cada matéria era fazer o meu desenho com bolinhas de papel crepom com mais cores diferentes. Ficava triste em ter que ir para uma escola em que não vendia pirulito de chocolate. Mas de certo era tão melhor que tinha até uma aula de recreio, que eu nem sabia o que era. E ainda tinha as cores tão diferentes de papel crepom.
Quando eu sai do primário, até já tinha esquecido aquela historia do papel crepom. Mas eu já tinha outro sonho: que era ter uma "melhor amiga" e ir para o ginásio. Lá eu aprenderia coisas mais importantes. Teria que ler livros grossos e fazer um monte de lições de casa. Mas eu não achava isso difícil. Teria uma "melhor amiga" e eu e ela seriamos as mais inteligentes da sala. Melhor que os meninos. E depois iria para o colégio. E depois pra faculdade. E com 18 anos eu seria adulta: teria um carro e andaria por ai com várias pastas com coisas muito complicadas dentro.
Quando eu saí do ginásio. Sonhava em ir para o colégio. Lá eu achava que seria melhor que o ginasio. Já não aguentava mais ser a esquecida da sala e não ter com quem fazer trabalhos. Pensava: "quem sabe no colegial as pessoas sejam mais adultas". E depois disso eu poderia até fazer amigos e começar a pensar em fazer faculdade.
No meio do colegial, eu não conseguia pensar em coisas mais difíceis e exaustivas que o vestibular. Mas eu era inteligente e me daria bem nisso. Mas não sabia se os meus amigos todos fariam as mesmas coisas que eu. Mas certamente seriamos amigos para sempre. O meu sonho era passar no vestibular mais difícil.
Não passei no vestibular. Mas que coisa mais triste era aquela. Teria que estudar muito para conseguir fazer algo que eu realmente gostasse. O sonho ainda era a faculdade.
Chegando na faculdade, o sonho ainda existe. talvez um mestrado, uma pós, um doutorado, quem sabe qual... mas um desses, ou todos. O sonho é ser uma boa profissional no futuro e ganhar bastante dinheiro, quem sabe uma família também. Mas lendo tudo isso ai atrás, são raras as vezes que eu me lembro do que sonhava antes para avaliar se conquistei tudo ou não. Sei que de certa forma, conquistei todos os meus sonhos, da forma certa ou pelos caminhos alternativos. No primário eu não usei papel crepom. Nem tive uma melhor amiga no ginasio. Também não falo com todos os meus amigos do colégio. Eu não tive um carro quando tinha 18 anos. E nem andava com pastas com coisas dificeis.
Mas que importa? A vida é assim...
Pelo menos eu sonhei.
E você, tem sonhado?
beijinhos
Cris
Trilha sonora
Closer - The Corrs
Silver Stand - The Corrs
Filmes:
Adeus Lenin - Wolfganger Becker






